Em 2023, as transferências de renda do Bolsa Família, que retomou seu nome original após substituir o Auxílio Brasil, atingiram 19% dos domicílios brasileiros, correspondendo a quase um em cada cinco lares.
Esse é o maior índice desde o início da série histórica em 2012, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (19).
Domicílios beneficiados pelo Bolsa Família
Em números absolutos, isso representa 14,7 milhões de domicílios beneficiados, de um total de 77,7 milhões de endereços no país. O IBGE aponta que essas transferências têm sido essenciais para aumentar a renda das camadas mais pobres da população, contribuindo para evitar um agravamento da desigualdade social.
O programa foi renomeado para Bolsa Família em março de 2023, durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deixando de lado o nome Auxílio Brasil, adotado na administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O valor base do Bolsa Família foi mantido em R$ 600 em 2023, com adições conforme a composição familiar, elevando o valor médio dos repasses.
Os dados são parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad): Rendimento de Todas as Fontes 2023, que abrange não apenas o mercado de trabalho, mas também rendimentos oriundos de programas sociais e outras fontes.
Bolsa Família com maior concentração no Nordeste
Em 2023, o Maranhão liderou o ranking nacional em percentual de domicílios beneficiários do Bolsa Família ou Auxílio Brasil, com 40,2% dos lares recebendo o apoio. Outros estados do Nordeste, como Piauí com 39,8% e Paraíba com 38,8%, também apresentaram altos índices.
Contrastando com isso, os estados do Sul mostraram os menores percentuais: Santa Catarina com apenas 4,5%, seguido por Rio Grande do Sul com 8,6% e Paraná com 9,2%. São Paulo também registrou um percentual modesto, com 9,4% dos domicílios beneficiados.
Rendimento Mensal
O IBGE destacou que o rendimento médio mensal per capita nos lares com Bolsa Família alcançou R$ 635 em 2023, o maior valor registrado até então, mas ainda representando menos de 30% da média nos domicílios que não recebem o benefício, que foi de R$ 2.227.
A pesquisa ainda apontou um aumento na cobertura do BPC/Loas, um benefício para pessoas com deficiência de baixa renda, que cresceu de 3,7% para 4,2% dos domicílios entre 2022 e 2023, atingindo também um recorde histórico. A proporção de lares recebendo outros tipos de benefícios sociais teve uma leve queda, de 1,5% em 2022 para 1,4% em 2023.
Além disso, o estudo revelou que a renda média mensal das pessoas com outros rendimentos, incluindo benefícios sociais, foi de R$ 947 em 2023, representando um aumento de 11,4% em relação ao ano anterior, quando a média foi de R$ 850.
Pandemia e Impactos Econômicos
Durante o agravamento da pandemia, que resultou na suspensão de atividades econômicas e aumento do desemprego, muitos beneficiários do Bolsa Família passaram a receber o Auxílio Emergencial, criado especificamente para atenuar os impactos econômicos e sociais da crise sanitária.
Essa mudança fez com que a proporção de lares beneficiados pelo Bolsa Família caísse para 7,2% em 2020. Simultaneamente, a proporção de famílias recebendo recursos de programas como o Auxílio Emergencial aumentou significativamente, passando de 0,7% em 2019 para 23,7% em 2020.
Com a flexibilização das medidas sanitárias em 2021 e as mudanças no Auxílio Emergencial, que incluíram a redução no número de parcelas e no valor médio dos repasses, o percentual de domicílios recebendo Bolsa Família cresceu novamente para 8,6%, enquanto a participação de outros programas sociais reduziu para 15,4%.
Ao final de 2021, o Auxílio Emergencial foi descontinuado e substituído pelo Auxílio Brasil pelo governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), sem coexistência entre os dois programas, segundo a pesquisa do IBGE.
Em 2022, o Auxílio Brasil alcançou 16,9% das famílias brasileiras, com um ajuste no valor do benefício de R$ 400 para R$ 600. Com a chegada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023, o programa foi renomeado como Bolsa Família, mantendo o valor de R$ 600 e adicionando benefícios de R$ 150 por criança até 6 anos e de R$ 50 por criança ou adolescente entre 7 a 18 anos, e por gestante.
Com informação da Agência Brasil