O Bolsa Família é frequentemente visto como um benefício exclusivo para pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social, mas poucas coisas geram tantas dúvidas quanto a relação entre a carteira assinada e o direito ao programa.
Em 2025, muitos trabalhadores, especialmente domésticos e informais, ainda receiam perder o acesso ao benefício ao conquistar um trabalho formal. Porém, o fato é: possuir a carteira de trabalho assinada não impede a permanência no Bolsa Família, desde que o critério da renda seja respeitado. Entender isto é fundamental para quem deseja formalizar seu trabalho sem abrir mão dos direitos sociais conquistados.
Como funciona o cálculo para permanência no programa
A base principal para definir o recebimento do benefício está centrada na renda per capita familiar, e não no fato de o trabalhador ter ou não registro formal no emprego. Atualmente, para receber o valor integral do Bolsa Família, a renda por pessoa no núcleo familiar deve ser de até R$ 218 por mês. Se este limite for ultrapassado, automaticamente é realizada uma nova análise para verificar a manutenção do benefício ou aplicação de outras regras.
O que é a regra de proteção?
Em 2023, o governo federal instituiu a chamada “regra de proteção”, que passou a valer para todos que tiveram leve aumento de renda, mas continuam em condição de vulnerabilidade. Pela regra, famílias cuja renda per capita subiu para até meio salário-mínimo, continuam a receber metade do Bolsa Família por até 24 meses. Ou seja, mesmo empregadas formalmente, essas pessoas não perdem imediatamente o benefício e têm uma segurança adicional.
Carteira assinada: direito e proteção social
O receio de perder o Bolsa Família faz com que muitos trabalhadores e trabalhadoras domésticas, por exemplo, recusem a formalização do vínculo. Relatos de empregadores que pressionam para que não haja assinatura de carteira são comuns, mas não têm respaldo na lei. A assinatura da carteira é um direito garantido, independente do recebimento de benefícios sociais.
Durante a 14ª Semana de Valorização do Trabalho Doméstico, autoridades reforçaram a importância de buscar formalização sem medo de perder direitos. O programa foi desenhado justamente para que o trabalhador não largue o emprego por receio de ficar sem renda.
A informalidade e seus prejuízos
No Brasil, a informalidade ainda é muito alta, chegando a 80% entre trabalhadores domésticos em alguns estados. Muitos optam por não exigir a carteira assinada devido à falsa crença de que isso causará o cancelamento do benefício. Este cenário prejudica a aposentadoria, o acesso ao INSS, o FGTS e outros direitos trabalhistas, perpetuando situações de exclusão.
Adaptação às novas regras do Bolsa Família
Com as mudanças implantadas desde 2023, o Bolsa Família aprimorou mecanismos de acompanhamento social e cruzamento de dados, diminuindo fraudes e ampliando os recursos para quem realmente precisa. O valor atual do benefício, de R$ 600 por família, pode ser acrescido de R$ 150 por criança até 6 anos. Veja mais detalhes:
Nos casos de aumento temporário da renda causada por carteira assinada, aplica-se a redução parcial do valor, mas a família permanece assistida.
Destaque para trabalhadores domésticos
Trabalhadores(as) domésticos(as) devem se sentir encorajados a exigir seus direitos trabalhistas. Assinatura da carteira garante aposentadoria, auxílio-doença e estabilidade, sem comprometer automaticamente o acesso ao Bolsa Família. O tema tem forte repercussão em eventos e debates, principalmente em datas como o Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica, celebrado todo dia 27 de abril.
A presidente de entidades representativas do setor destaca que desinformação por parte dos empregadores também precisa ser combatida. Orientar as categorias sobre direitos trabalhistas e sociais é tarefa de sindicatos, entidades e políticas públicas de valorização do trabalho.
Emprego formal cresce entre beneficiários
Segundo dados recentes divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Social, cerca de 40% das novas vagas de emprego criadas em fevereiro de 2025 foram ocupadas por beneficiários do Bolsa Família, comprovando que o benefício não é empecilho para conquistar trabalho com carteira assinada. Dos 7 milhões de trabalhadores que conciliam emprego formal e benefício, 4 milhões recebem integralmente e 3 milhões usufruem da regra de proteção.
Esses números confirmam que a política pública está em consonância com o objetivo de estimular a autonomia, permitir a ascensão social e garantir uma transição segura para o mercado formal de trabalho, sem romper abruptamente o auxílio necessário às famílias.
Como proceder em caso de dúvidas
Quem está em processo de contratação ou já possui emprego formal deve informar corretamente os dados no CadÚnico e manter suas declarações atualizadas.
Quando a renda altera o valor do benefício?
O cancelamento automático só acontece caso a renda per capita da família ultrapasse significativamente o limite previsto na legislação. As regras consideram não apenas os valores recebidos formalmente, mas toda a composição da renda familiar, incluindo pensão, aposentadoria e rendas informais.
Ou seja, A carteira assinada, por si só, não impede automaticamente o recebimento do Bolsa Família, mas a renda da família é recalculada e ela pode ser excluída se ultrapassar o limite estabelecido pelo programa.

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Perguntas Frequentes
- Terei o Bolsa Família cortado se conseguir um emprego formal? Não, o benefício só é cancelado se a renda per capita familiar ultrapassar o limite estipulado pelo programa.
- Sou trabalhador(a) doméstico(a). Posso ter carteira assinada e manter o benefício? Sim, a formalização do trabalho não impede o recebimento do Bolsa Família, desde que atendidos os critérios de renda.
- O benefício é reduzido assim que minha renda aumenta? Se a renda familiar ficar acima de R$ 218 por pessoa, mas até meio salário-mínimo, é aplicada a regra de proteção que reduz o valor do benefício por até 24 meses.
- Como sei se ainda tenho direito ao benefício? Mantenha sempre o CadÚnico atualizado e consulte os canais oficiais do governo para verificar sua situação.
- É possível acumular Bolsa Família e outros benefícios sociais? Sim, desde que respeitados os limites de renda e as regras de cada programa social.













