Um levantamento realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) indicou que beneficiários do Bolsa Família transferiram aproximadamente R$ 3,7 bilhões para empresas de apostas online em janeiro de 2025.
Esse valor representa 27% do total pago pelo programa social naquele mês, levantando preocupações sobre o uso inadequado do benefício assistencial. As informações foram obtidas por meio do cruzamento de dados do Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Fazenda e Banco Central, evidenciando a extensão do problema que afeta diversas famílias brasileiras em situação de vulnerabilidade social.
O Impacto das apostas nas famílias vulneráveis
A preocupação do TCU com o “Cassino no Bolso”
O Tribunal de Contas da União expressou preocupação sobre o possível desvio de finalidade do programa social. A investigação tinha como objetivo entender se as famílias estavam utilizando parte do benefício para jogos online e quais medidas estão sendo adotadas para garantir a integridade dos objetivos do Bolsa Família.
O órgão fiscalizador apontou que o fenômeno do “cassino no bolso” tem gerado consequências significativas, como o aumento do endividamento familiar, comprometimento da saúde mental e desestabilização social, afetando especialmente a população em situação de vulnerabilidade.
Dados que vão além do Bolsa Família
O problema transcende os beneficiários de programas sociais. Pesquisa realizada pela Kantar e divulgada recentemente apontou que, no segundo trimestre de 2025, 13% do orçamento que as famílias brasileiras destinariam para alimentação e bebidas foi desviado para apostas online. Esse dado revela como as bets têm corroído o orçamento doméstico de diferentes camadas sociais.
Medidas regulatórias em andamento
Instrução normativa do Ministério da Fazenda
Em resposta à crescente preocupação, o Ministério da Fazenda emitiu em setembro uma Instrução Normativa estabelecendo regras rígidas para as empresas de apostas. As determinações incluem:
- Verificação obrigatória se usuários são beneficiários do Bolsa Família ou BPC
- Impedimento de novos cadastros de beneficiários desses programas
- Encerramento de contas existentes de pessoas em situação de vulnerabilidade
- Devolução integral dos valores depositados nas plataformas

O desafio da proteção social
Como as apostas comprometem o programa
O Bolsa Família foi criado com o objetivo de garantir segurança alimentar e promover a inclusão social de famílias em situação de pobreza. Quando uma parte significativa desse recurso é direcionada para apostas, a efetividade do programa pode ser comprometida, mantendo as famílias no ciclo da vulnerabilidade.
A facilidade de acesso aos aplicativos de apostas, juntamente com promessas de ganhos rápidos, tem gerado uma armadilha para aqueles que já enfrentam dificuldades financeiras. A falta de educação financeira adequada torna essas pessoas mais vulneráveis aos apelos das plataformas de jogos.
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Dúvidas frequentes
Como o TCU descobriu esses dados sobre apostas? O tribunal realizou um cruzamento de dados entre o Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Fazenda e Banco Central, identificando transferências de beneficiários para empresas de apostas.
Qual o valor total gasto com apostas pelos beneficiários? Em janeiro de 2025, foram transferidos aproximadamente R$ 3,7 bilhões, equivalente a 27% do total pago pelo programa naquele mês.
Existe alguma lei proibindo beneficiários de apostar? Sim, desde setembro existe uma Instrução Normativa do Ministério da Fazenda que proíbe empresas de apostas de aceitar cadastros de beneficiários do Bolsa Família e BPC.
As empresas de apostas devem devolver o dinheiro? Sim, segundo a regulamentação, as empresas devem encerrar contas existentes e devolver integralmente os valores depositados por beneficiários.
Quais as consequências das apostas para as famílias? Aumento do endividamento, problemas de saúde mental, desestabilização social e comprometimento da segurança alimentar.
Como denunciar empresas que aceitam apostas de beneficiários? Denúncias podem ser feitas através dos canais oficiais do programa ou diretamente ao Ministério da Fazenda.
















