O Benefício de Prestação Continuada (BPC) permanece como suporte fundamental às famílias em situação de vulnerabilidade social no Brasil. Em meio a mudanças nas regras, a possibilidade de acesso ao benefício foi ampliada, chegando a crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Embora muitas pessoas ainda associem o BPC apenas a idosos, o benefício também é destinado a crianças e adolescentes com deficiência, desde que sejam comprovados os critérios legais de renda e impedimento de longo prazo.
O que é o BPC e quem tem direito em 2025
O Benefício de Prestação Continuada foi regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e visa garantir um pagamento mensal, no valor de um salário mínimo (R$ 1.518,00 em 2025), a idosos com mais de 65 anos e a pessoas com deficiência de qualquer idade, incluindo crianças. É realizado pelo INSS e não exige tempo anterior de contribuição previdenciária.
O benefício impede o acúmulo com outros pagamentos assistenciais, mas não interfere no recebimento do Bolsa Família para famílias que também se enquadram nos critérios do programa.
TEA e TDAH dão direito ao BPC
Crianças com diagnóstico de TEA, conforme reconhecido pela Lei 12.764/2012, podem solicitar o BPC caso apresentem limitações funcionais relevantes, comprovadas em laudos e relatórios técnicos. Isso é válido tanto para quadros leves, moderados quanto severos. Já para crianças com TDAH, é necessário que o transtorno cause impacto grave e contínuo, especialmente quando associado a outras condições, como dislexia, ansiedade ou autismo leve.
É indispensável comprovar que o quadro resulta em impedimento de longo prazo (superior a dois anos), com reflexos sobre a autonomia, inclusão e desenvolvimento social da criança.
Vale ressaltar: o benefício não é automático para qualquer diagnóstico – todas as situações são analisadas individualmente pelo INSS, com atenção às limitações e à renda familiar.

Critérios para aprovação do BPC 2025
O processo de concessão exige o atendimento cumulativo a dois grupos de requisitos:
1. Comprovação de deficiência
- Laudo médico detalhado com diagnóstico (CID F84.0 para TEA; CID F90.0 para TDAH);
- Relatórios emitidos por profissionais de saúde e educação;
- Descrição das dificuldades vivenciadas, como restrições de autonomia e aprendizado;
- Impedimento de longo prazo, com prazo mínimo superior a dois anos.
2. Limite de renda familiar
- Renda per capita de até ¼ do salário mínimo (R$ 379,50 em 2025);
- Pode ser considerado até ½ salário mínimo (R$ 759,00) por decisão judicial, principalmente se comprovadas despesas significativas relacionadas ao cuidado da criança;
- Despesas documentadas com medicamentos, terapias e alimentação especial podem ser abatidas do cálculo da renda.
Documentos necessários para solicitar o BPC
Organizar os documentos é fundamental para evitar atrasos ou negativas na análise do INSS. A seguir, os principais itens exigidos:
- RG, CPF e comprovante de residência de todos que convivem no mesmo domicílio;
- Número de Inscrição Social (NIS) ativo e cadastro atualizado no CadÚnico;
- Laudos médicos recentes (o mais detalhado possível), com diagnóstico e descrição das limitações;
- Relatórios escolares e avaliações multiprofissionais, se disponíveis;
- Comprovantes de despesas com saúde, transporte, alimentação especial e terapias;
- Documentos que evidenciem outros fatores de vulnerabilidade.
Manter um cadastro atualizado no CadÚnico é obrigatório. O INSS analisa a composição e renda de toda a família com base nesses dados.
Passo a passo para pedir o BPC em 2025
1. Organize todos os documentos: Confira laudos, relatórios e comprovantes exigidos. Priorize documentos novos e completos.
2. Faça ou atualize o CadÚnico: O registro deve estar atualizado nos últimos dois anos e pode ser realizado nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) mais próximos.
3. Realize o pedido no INSS: Utilize o site ou aplicativo “Meu INSS”.
- Entre na plataforma, selecione “Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência”;
- Preencha as informações e anexe todos os documentos solicitados.
4. Aguarde o agendamento da perícia médica: O INSS irá marcar avaliação presencial para análise do laudo e realização da perícia médica, além de uma avaliação social feita por profissional do serviço social.
5. Acompanhe o andamento: Utilize o aplicativo Meu INSS ou o telefone 135 para verificar o status de seu pedido e possíveis exigências de documentos adicionais.
O que fazer se o BPC for negado
Em caso de negativa, a família pode recorrer administrativamente em até 30 dias pelo próprio INSS. Se o indeferimento persistir, uma ação judicial pode ser considerada – especialmente se houver gastos altos com saúde ou diagnóstico que evidencie limitações importantes mesmo com renda um pouco acima do limite fixado.
A Justiça tem reconhecido o direito ao benefício em situações de vulnerabilidade comprovada. Por isso, reunir laudos e provas de despesas relacionadas à condição da criança é uma estratégia recomendada.
Dicas para aumentar a chance de aprovação
- Tenha laudos médicos atualizados e redigidos de forma clara e detalhada;
- Inclua relatórios de psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos ou outros profissionais que acompanhem a criança;
- Mantenha histórico documental de todas as terapias, tratamentos e despesas médicas;
- Descreva no CadÚnico, de forma fiel, a rotina de cuidados e impactos da condição na vida familiar.
Para famílias que recebem outros benefícios, consulte mais notícias como essa no portal O Bolsa Família Brasil.
Programas relacionados e apoio complementar
Além do BPC, o governo tem promovido ações integradas para apoiar crianças com TEA e TDAH, como a criação de ambientes adaptados em órgãos públicos. Recentemente, aeroportos passaram a oferecer salas especiais para autistas, demonstrando avanços na inclusão social e respeito às necessidades específicas dessas famílias.
















