O Brasil registra uma redução significativa do trabalho infantil entre famílias beneficiárias do Bolsa Família, segundo dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revela que crianças e adolescentes de lares assistidos pelo programa apresentam queda mais acentuada nesse indicador quando comparados à média nacional, demonstrando o efeito direto das políticas de transferência de renda na proteção dos direitos fundamentais da infância.
Os números revelam: enquanto 5,2% das crianças e adolescentes beneficiários ainda enfrentam situação de trabalho infantil, representando 717 mil pessoas, a evolução histórica mostra avanços consistentes. Em 2016, esse percentual era de 7,3%, evidenciando uma redução de 2,1 pontos percentuais em oito anos. A diferença entre beneficiários e não beneficiários do programa, que chegava a 2,1 pontos em 2016, diminuiu para apenas 0,9 ponto percentual em 2024.
Impactos do Bolsa Família na redução do trabalho infantil
O programa de assistência social demonstra proteção infantil ao garantir renda mínima às famílias mais vulneráveis. Com rendimento mensal médio de R$ 604 por pessoa nos lares beneficiários, valor correspondente a um terço da renda dos não beneficiários (R$ 1.812), criando condições para que famílias mantenham suas crianças na escola ao invés do mercado de trabalho.
A pesquisa aponta que 13,8 milhões de crianças e adolescentes vivem em famílias beneficiárias, representando 36,3% da população dessa faixa etária no país. Entre aqueles em situação de trabalho infantil, 43,5% residem em lares que recebem o benefício, demonstrando como o programa alcança prioritariamente as populações mais vulneráveis.
Educação como prioridade familiar
Dados educacionais revelam que: 91,2% das crianças beneficiárias em situação de trabalho infantil mantêm frequência escolar, superando a média nacional de 88,8%. Na faixa de 16 a 17 anos, entre beneficiários, 82,7% permanecem estudando, comparado a 81,8% da média geral nessa condição.
Desafios atuais no combate ao trabalho infantil no Brasil
Apesar dos progressos registrados, 1,65 milhão de crianças e adolescentes ainda vivenciam trabalho infantil no território nacional. Disparidades regionais mantêm-se expressivas, com concentração elevada nas regiões Norte e Nordeste, onde informalidade econômica e limitações de fiscalização dificultam a erradicação completa.
O trabalho infantil doméstico e em atividades agrícolas familiares constitui desafio específico, frequentemente não captado pelas estatísticas oficiais e de identificação complexa pelos órgãos competentes.
Resultados e dados do trabalho infantil em 2025
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua estabelece parâmetros atualizados para análise. Com 4,3% da população de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil nacionalmente, observa-se trajetória descendente, embora distante da meta de erradicação estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Adolescentes entre 14 e 15 anos, idade em que apenas o trabalho como aprendiz encontra amparo legal, representam parcela considerável dos casos identificados, sinalizando necessidade de expansão dos programas de aprendizagem profissional.
Importância das políticas sociais para direitos humanos
Garantias fundamentais e proteção integral
O enfrentamento ao trabalho infantil ultrapassa questões econômicas, configurando-se como garantia de direitos fundamentais. A legislação nacional estabelece proteção integral até os 13 anos, com proibição absoluta de qualquer modalidade laboral, reconhecendo o desenvolvimento integral como prioridade.
Programas complementares ao Bolsa Família
Articulação de políticas públicas
Além da transferência monetária direta, iniciativas como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos oferecem suporte adicional. Essas ações incluem atividades socioeducativas, acompanhamento psicossocial familiar e qualificação profissional para adolescentes em idade permitida.
Como denunciar casos de trabalho infantil
Qualquer cidadão pode reportar situações de trabalho infantil através do Disque 100, serviço gratuito disponível 24 horas. Denúncias também são recebidas pelos Conselhos Tutelares municipais, Ministério Público do Trabalho ou através do aplicativo Direitos Humanos Brasil.
Para mais informações como essa, acesse O Bolsa Família Brasil.
Dúvidas frequentes
Quais atividades configuram trabalho infantil pela legislação?
Qualquer atividade laboral executada por menores de 14 anos, exceto aprendizagem profissional a partir dos 14 anos.
Qual a distinção entre trabalho infantil e colaboração doméstica?
Atividades educativas adequadas à idade, sem prejuízo escolar ou ao desenvolvimento, não constituem trabalho infantil.
Como organizações empresariais podem atuar contra o trabalho infantil?
Implementando verificação de fornecedores, apoiando programas de aprendizagem e investindo em projetos educacionais em comunidades vulneráveis.
Qual a função das escolas na identificação de casos?
Educadores são essenciais na observação de indicadores como ausências frequentes, sonolência, lesões ou queda no desempenho, devendo comunicar suspeitas aos órgãos competentes.