O Senado Federal acaba de dar um passo que pode transformar a forma como os brasileiros compram medicamentos. Na última quarta-feira (17), a Comissão de Assuntos Sociais aprovou o Projeto de Lei 2.158/2023, permitindo que supermercados operem farmácias em suas dependências.
A medida promete ampliar o acesso a medicamentos básicos mas vem cercada de regras rígidas para garantir a segurança dos consumidores. O texto aprovado estabelece que as farmácias dentro dos supermercados devem funcionar em espaços fisicamente separados e seguir todas as normas da Anvisa, garantindo que a conveniência não comprometa a segurança sanitária.
Como funcionará a nova regulamentação
Exigências para operação
O substitutivo apresentado pelo senador Humberto Costa estabelece critérios rigorosos para a implementação. Os supermercados interessados deverão criar uma área exclusiva para a farmácia, completamente isolada dos demais setores do estabelecimento. Durante todo o período de funcionamento, será obrigatória a presença de um farmacêutico responsável.
Restrições importantes
A venda de medicamentos nas gôndolas ou bancadas comuns do supermercado permanece expressamente proibida. Os produtos farmacêuticos só poderão ser comercializados dentro do espaço designado como farmácia, seguindo os mesmos padrões de qualquer estabelecimento farmacêutico tradicional.
Pontos positivos e negativos do projeto
Benefícios identificados
A aprovação unânime na CAS reflete o reconhecimento dos benefícios potenciais. A maior competição no setor pode resultar em preços mais acessíveis. A conveniência de horários estendidos dos supermercados amplia o acesso, especialmente para trabalhadores com jornadas longas. Em áreas periféricas com poucas opções, a medida pode significar acesso a medicamentos anteriormente indisponíveis.
Preocupações sanitárias
O relator Humberto Costa alertou sobre os riscos da automedicação. Dados do Ministério da Saúde mostram que mesmo medicamentos considerados seguros, como analgésicos comuns, estão entre os principais causadores de intoxicações no país. Erros de dosagem, uso prolongado inadequado e combinações perigosas podem resultar em agravamento de quadros clínicos.
Possíveis mudanças no setor farmacêutico
Impacto nas farmácias independentes
O relator expressou preocupação com pequenas farmácias e drogarias, especialmente em regiões periféricas. Estabelecimentos menores precisarão desenvolver estratégias competitivas diferenciadas, focando em atendimento personalizado e serviços especializados que grandes redes podem ter dificuldade em oferecer.
Emendas rejeitadas e debates
Durante a votação, duas emendas foram rejeitadas. O senador Eduardo Girão propôs permitir vendas sem farmacêutico presente, o que foi negado devido aos riscos sanitários. O senador Astronauta Marcos Pontes tentou incluir vedação a marcas próprias de medicamentos, tema considerado fora do escopo do projeto.
O senador Esperidião Amin destacou o amadurecimento das discussões, enquanto a senadora Teresa Leitão, inicialmente contrária, mudou seu voto após as alterações que garantem maior segurança sanitária. O presidente da CAS, Marcelo Castro, celebrou a capacidade de convergência da comissão, que chegou a uma votação unânime priorizando o interesse público.
Próximos passos após aprovação no Senado
O projeto agora aguarda possível requerimento para votação em plenário do Senado. Caso não haja solicitação, seguirá diretamente para a Câmara dos Deputados, onde passará por comissões específicas antes da votação final.
Após aprovação no Congresso, o texto seguirá para sanção presidencial. A implementação efetiva dependerá de regulamentação detalhada pela Anvisa, processo que pode levar meses. Acompanhe no O Bolsa Família as atualizações sobre essa e outras mudanças importantes na legislação brasileira.
Dúvidas frequentes
Quando começa a valer a venda de medicamentos em supermercados?
A implementação depende da aprovação na Câmara dos Deputados.
Qualquer supermercado poderá instalar uma farmácia?
Os estabelecimentos precisarão cumprir todas as exigências da Anvisa.
Os preços serão menores que nas farmácias tradicionais?
A expectativa é que o aumento da concorrência pressione os preços para baixo, mas isso dependerá das estratégias comerciais de cada estabelecimento.
Pequenos mercados também poderão ter farmácias?
Sim, desde que cumpram todas as exigências legais e sanitárias, independentemente do porte do estabelecimento.
Haverá diferença na fiscalização dessas farmácias?
Não. A Anvisa aplicará as mesmas normas e procedimentos de fiscalização utilizados em farmácias e drogarias convencionais.