Na última terça-feira, 15 de julho de 2025, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) anunciou uma investigação contra o Brasil, sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.
O foco inclui o Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central brasileiro, acusado de práticas desleais que prejudicam empresas americanas.
A investigação foi ordenada por Donald Trump, que já havia ameaçado impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, citando, entre outros, a suposta perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Contexto político da crítica
Trump mencionou o processo contra Bolsonaro, aliado político, como uma “caça às bruxas”. A investigação, porém, vai além, abordando questões comerciais, como o Pix, que o USTR vê como favorecido pelo governo brasileiro em detrimento de empresas como Visa e Mastercard.
Essa crítica reflete tensões políticas e econômicas, com os EUA buscando proteger seus interesses no mercado financeiro global.
O que é o Pix e por que ele incomoda?
O Pix, lançado em novembro de 2020, é um sistema de pagamentos instantâneos, gratuito para pessoas físicas, que revolucionou as transações no Brasil.
Até maio de 2025, contava com 175,47 milhões de usuários, sendo 159,92 milhões de pessoas físicas e 15,56 milhões de empresas, movimentando R$ 2,677 trilhões em abril.
Sua popularidade, com 47% das transações eletrônicas no último trimestre de 2024, superou cartões de crédito e débito.
Impacto nas empresas americanas
Empresas como Visa, Mastercard e Meta, que tentou lançar o WhatsApp Pay em 2020, enfrentaram dificuldades no Brasil. O Banco Central suspendeu temporariamente o WhatsApp Pay para avaliar riscos ao sistema financeiro, decisão que críticos associam à proteção do Pix.
Para especialistas, o sistema brasileiro reduz a dependência de bandeiras de cartão americanas, afetando seus lucros.
Por que Trump está criticando o Pix?
A crítica ao Pix reflete interesses econômicos e geopolíticos. O USTR alega que o Brasil favorece o Pix, um sistema estatal, em detrimento de empresas privadas dos EUA.
A economista Carla Beni, da FGV-SP, aponta que o Pix, por ser gratuito, reduz o mercado de operadoras de cartão, como Visa e Mastercard, que dominam globalmente.
Além disso, a ascensão do Pix coincide com esforços do BRICS para reduzir a dependência do dólar, o que preocupa os EUA.
Comparação com outros países
Não é a primeira vez que os EUA questionam sistemas de pagamento instantâneos. Em março de 2025, o USTR investigou o QRIS, sistema indonésio semelhante ao Pix, por supostamente prejudicar empresas americanas.
A falta de consulta a empresas estrangeiras durante o desenvolvimento desses sistemas é um ponto comum nas críticas.
Consequências para o Brasil
A investigação pode levar a tarifas adicionais ou até proibição de importações brasileiras, como anunciado por Trump, com taxas de 50% a partir de 1º de agosto de 2025.
Isso ameaça setores como agronegócio e siderurgia, que dependem do mercado americano, onde o Brasil teve um déficit comercial de US$ 7,4 bilhões em 2024.
O governo brasileiro, liderado por Lula, promete reciprocidade, o que pode escalar tensões comerciais.
Reações no Brasil
A inclusão do Pix na investigação gerou indignação. O ministro Rui Costa destacou a popularidade do sistema, enquanto redes sociais reagiram com hashtags como #DefendaOPix. Muitos veem a crítica como um ataque à soberania brasileira, especialmente por envolver um sistema que promove inclusão financeira.
Impacto do Pix na economia brasileira
O Pix democratizou o acesso a serviços financeiros, beneficiando pequenos comerciantes e regiões remotas. A modalidade Pix Automático, lançada em junho de 2025, facilita pagamentos recorrentes, como contas de luz e streaming, e deve movimentar US$ 30 bilhões no comércio digital até 2027.
Esse sucesso reduz custos para consumidores e desafia o domínio de empresas americanas.
Inclusão financeira
Com 76% da população usando o Pix em 2024, o sistema incluiu milhões de brasileiros no sistema financeiro, especialmente microempreendedores. A gratuidade eliminou taxas de TED e DOC, antes comuns, permitindo que pequenos negócios prosperem.
A dimensão política da investigação
A crítica ao Pix não é apenas econômica. Trump vincula a investigação à defesa de Bolsonaro, sugerindo motivações políticas. A menção ao Pix, à pirataria na Rua 25 de Março e à proteção de dados pela LGPD reforça a percepção de que os EUA buscam pressionar o Brasil em várias frentes.
Especialistas apontam que a investigação pode ser uma tentativa de conter a influência do BRICS.
Dúvidas frequentes
- Por que Trump está criticando o Pix?
Trump alega que o Pix, por ser um sistema estatal, prejudica empresas americanas como Visa e Mastercard, que perdem mercado no Brasil. - O Pix pode ser proibido por causa da investigação?
Embora improvável, o USTR pode recomendar sanções ou exigir mudanças no Pix, como parte de pressões comerciais. - Como o Pix afeta empresas americanas?
O Pix reduz a dependência de cartões de crédito, impactando empresas como Visa e Mastercard, além de dificultar a entrada de serviços como WhatsApp Pay. - O que o Brasil pode fazer contra as tarifas?
O governo brasileiro planeja recorrer à OMC e adotar medidas recíprocas, como tarifas sobre produtos americanos. - O Pix é um risco para o dólar?
Sim, para alguns analistas, o Pix e sistemas semelhantes fortalecem a independência financeira de países como o Brasil, desafiando a hegemonia do dólar.
O Pix transformou a forma como os brasileiros lidam com dinheiro, trazendo praticidade e inclusão. No entanto, sua popularidade o colocou no centro de um embate internacional. A investigação dos EUA, liderada por Trump, mistura interesses econômicos e políticos, levantando questões sobre soberania e comércio global.
O Brasil enfrenta o desafio de defender um sistema que beneficia milhões enquanto lida com pressões externas. Como o país pode equilibrar sua autonomia com as relações comerciais?
E você, leitor, acredita que o Pix deve ser protegido como um símbolo de inovação brasileira ou adaptado para evitar conflitos internacionais? Para mais informações, acesse o site O Bolsa Família Brasil.