Você já parou pra pensar no quanto o valor da passagem impacta no seu dia a dia? Se você depende de ônibus para ir ao trabalho, à escola, ao médico ou pra resolver coisas básicas, sabe que cada real faz diferença. Agora imagine não precisar mais pagar nada por isso. Parece um sonho distante? Pois saiba que, em 2025, 145 cidades brasileiras já estão tornando essa realidade possível com a chamada tarifa zero no transporte público.
Mas como isso funciona na prática? Quem pode se beneficiar? E será que essa ideia pode mesmo funcionar em cidades grandes? Veja como funciona tudo isso e entenda por que essa mudança está ganhando força pelo país.
O avanço da tarifa zero: de exceção a tendência
Há pouco tempo, transporte gratuito parecia coisa de filme. Em 2019, apenas 20 cidades adotavam esse modelo. Agora, em 2025, já são 145 municípios oferecendo transporte sem cobrança, total ou parcial. E sabe o que chama atenção? A maioria dessas cidades é pequena, com menos de 50 mil habitantes. Isso mostra que, sim, dá pra colocar o modelo em prática, mesmo sem orçamentos gigantes.
Onde a tarifa zero já é realidade?
As regiões Sudeste e Sul lideram esse movimento. Juntas, concentram mais de 120 das cidades com transporte gratuito. Já o Norte e Centro-Oeste ainda estão engatinhando nessa jornada. São diferenças que refletem as desigualdades regionais do país, mas que também apontam caminhos para o futuro.
E o impacto disso na vida das pessoas?
Imagine morar numa cidade onde você pode sair de casa, pegar o ônibus e ir a qualquer lugar sem pagar nada. Parece simples, mas isso transforma realidades. Mais de 5,4 milhões de pessoas vivem hoje em cidades com transporte gratuito. E pra quem vive com o orçamento apertado, é um alívio enorme. Estudantes, trabalhadores e até idosos ganham mais autonomia, liberdade e acesso a oportunidades.
As capitais estão aderindo?
Ainda que a maioria das cidades com tarifa zero seja de pequeno porte, algumas capitais começaram a testar o modelo. São Paulo, por exemplo, lançou o “Domingão Tarifa Zero”, com ônibus gratuitos aos domingos. Belo Horizonte e Curitiba também já experimentam a gratuidade em dias específicos ou para públicos vulneráveis, como desempregados.
Mas adotar esse modelo em cidades grandes é um desafio. O custo é alto, e as prefeituras precisam de planejamento, apoio financeiro e soluções criativas pra manter tudo funcionando sem comprometer a qualidade do serviço.
Como tudo isso é financiado?
A grande pergunta é: de onde vem o dinheiro? A resposta varia de cidade pra cidade. Em Maricá (RJ), por exemplo, o subsídio mensal é de R$ 7,3 milhões. Já em Caeté (MG), cidade menor, o custo gira em torno de R$ 90 mil por mês. Algumas prefeituras substituem o vale-transporte das empresas por uma contribuição direta, o que ajuda a distribuir os custos e manter o serviço gratuito para o usuário.
E olha que interessante: 387 cidades brasileiras já subsidiam o transporte público, mesmo sem adotarem tarifa zero. Ou seja, o caminho já está sendo trilhado. Falta apenas adaptar os modelos e ampliar o acesso.
Lista de Cidades com Tarifa Zero
Lembrando que: Em certas cidades, a tarifa zero é válida apenas em determinados dias da semana ou para um grupo específico de usuários.
A pandemia e a mudança de comportamento
A crise sanitária acelerou mudanças profundas no jeito como a gente se desloca. O trabalho remoto cresceu, os horários ficaram mais flexíveis, e o número de passageiros caiu. Isso expôs a fragilidade do modelo de financiamento baseado na quantidade de usuários. Resultado? Muitos começaram a ver a tarifa zero como uma saída viável e mais justa.
O que a população acha de tudo isso?
De acordo com uma pesquisa da CNT, 58% das pessoas são a favor da gratuidade total no transporte. Outros 28,7% acham que o ideal seria focar o benefício em grupos específicos, como estudantes ou desempregados. Já sobre a qualidade do transporte, a opinião se divide: alguns acham que melhorou, outros sentem que ainda falta conforto, pontualidade e segurança.
E o que pode melhorar?
Mesmo com a gratuidade, muita gente deixou de usar o transporte público nos últimos anos. As principais reclamações? Superlotação, veículos sem conforto, horários ruins e viagens demoradas. Ou seja, só tirar a cobrança não basta. É preciso investir na estrutura, na frota, nos motoristas e, principalmente, na experiência de quem usa o serviço.
E o futuro do transporte gratuito?
Na Câmara dos Deputados, está em discussão a PEC 25/23, que quer criar o Sistema Único de Mobilidade (SUM). A ideia é tornar o transporte gratuito um direito constitucional. O financiamento viria do orçamento das três esferas de governo, com regras claras sobre como aplicar os recursos. Um projeto ambicioso, mas que, se aprovado, pode mudar para sempre a relação da população com o transporte coletivo.
Tarifa zero é só o começo
O avanço da tarifa zero no Brasil mostra que é possível sonhar com um transporte público mais acessível e justo. Mas pra que esse sonho vire realidade em mais cidades, inclusive nas grandes, é preciso mais do que boa vontade. É preciso planejamento, responsabilidade, diálogo com a população e investimentos reais.
Porque no fim das contas, transporte público não é luxo. É necessidade. E garantir acesso gratuito e de qualidade é um passo importante pra um Brasil mais igual. E aí, será que sua cidade está pronta pra dar esse passo também?