O presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu ao revelar um projeto que visa fornecer gás de cozinha sem custos para uma grande parcela da população brasileira. Durante um evento realizado no estado do Amapá, o chefe do Executivo compartilhou informações preliminares sobre uma iniciativa que promete facilitar o acesso a esse item básico para milhões de lares no país.
Segundo o pronunciamento presidencial, o governo federal está nos estágios finais de elaboração de um programa que beneficiará aproximadamente 22 milhões de famílias brasileiras com o fornecimento gratuito de gás. Esta medida, ainda em fase de planejamento, representa uma mudança na política energética e social do país, visando aliviar o peso financeiro sobre as camadas mais vulneráveis da sociedade.
O anúncio, feito sem muitos detalhes operacionais, gerou imediata repercussão e levantou diversas questões sobre sua viabilidade e implementação. Lula afirmou:
“Estamos discutindo um projeto, já está quase tudo pronto…para gente entregar gás de graça para 22 milhões de famílias nesse país. Porque para nós, o gás faz parte da cesta básica. O gás sai da Petrobras por R$ 36, a Petrobras entrega o gás para essas distribuidoras a R$ 36. Ele chega aqui por R$ 150. Não é possível. Veja, ele sai por R$ 36 da Petrobras e chega nos Estados a R$ 130, a R$ 140, a R$ 150 e não é justo isso.”
A problemática do preço do gás
O presidente Lula, em sua fala, não fugiu de criticar a diferença entre o preço de custo e o valor final do gás para o consumidor. Ele apontou que o gás sai das refinarias da Petrobras a um preço aproximado de R$ 36, mas chega ao consumidor final por valores que variam entre R$ 130 e R$ 150, dependendo da região do país.
Esta diferença nos preços foi destacada como um dos principais motivos para o novo programa. O chefe do Executivo argumentou que tal aumento no preço ao longo da cadeia de distribuição é injustificável e encarece excessivamente o cidadão comum, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade econômica.
O Gás como item da cesta básica
Um ponto de destaque na argumentação do presidente foi a defesa de que o gás de cozinha deveria ser considerado um item da cesta básica.
Lula argumentou que, ao contrário do que ocorre com indivíduos de alta renda, que muitas vezes se beneficiam de isenções fiscais, a população de baixa renda acaba arcando com uma carga tributária desproporcional em itens básicos como o gás, além de alimentos como feijão e arroz. Esta situação, segundo o presidente, perpetua desigualdades e precisa ser corrigida.
O programa “Gás para Todos”
O novo programa, provisoriamente denominado “Gás para Todos“, está sendo desenhado para substituir o atual Auxílio Gás. A expectativa é que sua implementação ocorra a partir de abril do corrente ano, marcando uma transição na forma como o governo aborda a questão do acesso ao gás de cozinha.
Diferentemente do auxílio anterior, que consistia em um benefício financeiro, o novo programa pretende estabelecer um mecanismo mais direto de fornecimento do produto. A ideia central é que os beneficiários recebam um voucher que lhes permitirá retirar um botijão diretamente de uma revendedora credenciada.
Ministérios envolvidos e estruturação do programa
A elaboração do “Gás para Todos” está sendo conduzida de forma conjunta pelos Ministérios da Fazenda e de Minas e Energia. Estes órgãos estão trabalhando nos detalhes finais da nova modelagem, que inclui a definição de um preço de referência para subsidiar as revendedoras de gás.
Uma mudança importante em relação a propostas anteriores é que o benefício será incluído no orçamento do Ministério de Minas e Energia. No entanto, a gestão do programa será realizada em parceria com o Ministério da Fazenda, garantindo uma abordagem integrada que leva em conta tanto os aspectos energéticos quanto os financeiros da iniciativa.
Mudança importante
Uma alteração fundamental no programa é a mudança de uma abordagem de transferência direta de renda para um modelo de subsídio setorial. Esta modificação visa atender a críticas anteriores sobre a forma de contabilização dos recursos e seu impacto nas contas públicas.
Com esta nova abordagem, o governo busca estabelecer um mecanismo mais transparente e alinhado com as práticas de responsabilidade fiscal. O preço de referência para o pagamento do subsídio às revendedoras será definido por meio de um ato conjunto dos ministérios envolvidos, garantindo uma base técnica para a implementação do programa.
Transição do Auxílio Gás para o novo programa
Enquanto o novo programa não é implementado, o governo manterá o Auxílio Gás nos moldes atuais para o mês de fevereiro. Este benefício é pago pela Caixa Econômica Federal a cada dois meses.
A partir de abril, com o lançamento do “Gás para Todos”, espera-se uma transição suave para o novo modelo. Os atuais 5,6 milhões de beneficiários do Auxílio Gás serão automaticamente incorporados ao novo programa, garantindo a continuidade do suporte a essas famílias.
Orçamento e financiamento do programa
O orçamento previsto para o “Gás para Todos” está estimado em aproximadamente R$ 3,5 bilhões. Este valor representa um aumento em relação aos recursos atualmente destinados ao Auxílio Gás, que no Projeto de Lei Orçamentária de 2025 estavam previstos em cerca de R$ 600 milhões.
Uma mudança importante em relação a propostas anteriores é que o financiamento do programa será realizado através de cortes em outras despesas, ao invés de utilizar recursos extraorçamentários. Esta decisão visa garantir a sustentabilidade fiscal do programa e sua conformidade com as regras orçamentárias vigentes.