O salário mínimo é uma das referências mais importantes para a economia brasileira. Ele impacta diretamente os trabalhadores formais, aposentados e beneficiários de programas assistenciais. A equipe econômica do governo propôs uma nova fórmula para a correção do salário mínimo, que, se aprovada, poderá limitar o crescimento do valor nos próximos anos.
O que muda com a nova proposta de fórmula para o salário mínimo?
Na quarta-feira, 27 de setembro, o governo federal apresentou uma proposta para atualizar anualmente o salário mínimo. A principal mudança seria a limitação do aumento real, ou seja, do reajuste acima da inflação. A nova fórmula sugere que o salário mínimo seja corrigido pela inflação do ano anterior, com um adicional referente ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos dois anos anteriores. Porém, o governo propôs que esse aumento real seja limitado a 2,5% ao ano.
A medida ainda precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional, mas, caso receba a aprovação, o salário mínimo de 2025 será ajustado conforme a expectativa de inflação e o PIB de 2023.
Comparação do valor do salário mínimo: Como ficará em 2025?
Atualmente, o salário mínimo de 2025, com base na fórmula vigente, seria de R$ 1.520,65, ou aproximadamente R$ 1.521. Esse valor leva em consideração o crescimento do PIB de 2023, estimado em 2,9%, e a expectativa de inflação de 4,66%.
No entanto, caso a proposta de limitação do aumento real seja aprovada, o salário mínimo passaria a ser R$ 1.514,74 (arredondado para R$ 1.515). Ou seja, o trabalhador deixaria de receber aproximadamente R$ 6 a mais por mês, tanto no salário quanto no 13º salário, se comparado ao valor que seria pago com a fórmula atual.
O impacto para trabalhadores, aposentados e beneficiários
Esse ajuste vai afetar diretamente não apenas os trabalhadores formais, mas também aposentados e aqueles que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Com a limitação do aumento real, a redução será de cerca de R$ 6 por mês, o que representa uma perda para quem depende desse valor para complementar a renda familiar.
Vale ressaltar que o valor final do salário mínimo em 2025 ainda dependerá da inflação calculada até novembro deste ano, e essa variação pode alterar o valor exato do mínimo a ser pago. No entanto, com a limitação do aumento real, a perda será inevitável, afetando diretamente os beneficiários em termos de poder de compra.
Como funciona a fórmula atual de correção do salário mínimo?
Atualmente, o salário mínimo é reajustado com base em dois fatores:
- Inflação do ano anterior: A inflação é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), considerando os 12 meses até novembro do ano anterior. Para 2025, o governo estimou que a inflação será de 4,66%.
- Crescimento do PIB: O segundo fator é o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores. Para o salário mínimo de 2025, o PIB de 2023, que cresceu 2,9%, será o utilizado para o cálculo.
Com base nessa fórmula, o aumento estimado seria de 7,71% em relação ao valor atual, o que elevaria o salário mínimo para cerca de R$ 1.521.
O que a nova regra proposta pelo governo implica?
A principal mudança proposta pela equipe econômica do governo é a limitação do aumento real. Se a nova regra for aprovada, o aumento acima da inflação ficará restrito a 2,5% ao ano, independentemente do crescimento do PIB. Isso significa que, mesmo que o PIB tenha crescido mais do que 2,5%, como aconteceu em 2023 (2,9%), o governo aplicará o teto de 2,5%.
Com essa limitação, o aumento real para 2025 seria de 7,29% (considerando a inflação de 4,66% e o PIB de 2,9%). O salário mínimo passaria, então, de R$ 1.412 para R$ 1.515 — R$ 6 a menos do que o valor que seria pago com o sistema atual.
Impacto fiscal: Redução de gastos e menor despesa para o governo
Uma das razões por trás da proposta de limitação do salário mínimo é a necessidade do governo de cortar gastos. O aumento do salário mínimo tem um efeito direto sobre os gastos com benefícios previdenciários, aposentadorias e programas como o BPC, que são vinculados ao valor do salário mínimo. Segundo cálculos do governo, a cada R$ 1 de aumento no salário mínimo, o custo adicional para os cofres públicos é de R$ 392 milhões.
Com a implementação da nova fórmula, o governo estima que irá economizar cerca de R$ 2 bilhões em 2025, uma vez que o aumento será limitado, reduzindo a despesa com benefícios assistenciais.
O salário mínimo e seus impactos na economia brasileira
O salário mínimo no Brasil serve como referência para mais de 59,3 milhões de pessoas, incluindo trabalhadores, aposentados e beneficiários do BPC. O valor também tem um impacto significativo na economia, pois afeta o poder de compra da população e, por consequência, o salário médio dos brasileiros.
Além disso, o ajuste de benefícios sociais ao salário mínimo significa que qualquer alteração no valor do mínimo pode gerar efeitos indiretos, como o aumento das despesas com saúde, educação e outras áreas fundamentais. No entanto, com as propostas de corte de gastos, o governo tenta equilibrar as contas públicas e evitar um aumento excessivo da dívida pública.
O desafio fiscal e os cortes de gastos
O governo enfrenta um desafio fiscal crescente, já que parte das despesas, como as aposentadorias e os benefícios vinculados ao salário mínimo, estão fora da regra do arcabouço fiscal, que limita o aumento das despesas em 2,5% ao ano. Essa regra foi criada para controlar os gastos públicos e evitar que a dívida aumente ainda mais.
Caso o governo não consiga conter esses gastos, a máquina pública pode ser paralisada, afetando políticas públicas essenciais, como bolsas de estudo, assistência social, farmácia popular e outros programas.
O risco fiscal gerado por esses cortes já está refletido no mercado financeiro, com a alta do dólar e dos juros futuros, o que pode pressionar ainda mais a inflação.