Com a chegada do final do ano, muitas pessoas aguardam o pagamento do 13º salário, um benefício extra que ajuda a aliviar as finanças e planejar gastos sazonais. Contudo, uma dúvida comum entre os trabalhadores é por que a segunda parcela do 13º salário costuma ser menor do que a primeira.
O Que é o 13º salário e como ele é pago?
O 13º salário é um benefício garantido por lei aos trabalhadores formais, criado para proporcionar um auxílio financeiro adicional ao final do ano. Ele é pago em duas parcelas:
- Primeira parcela: Deve ser depositada até o dia 30 de novembro e equivale a 50% do salário bruto do trabalhador.
- Segunda parcela: Geralmente depositada em dezembro, consiste nos 50% restantes, mas com descontos obrigatórios aplicados.
É importante destacar que o cálculo do benefício é feito com base no valor integral do salário, considerando os meses efetivamente trabalhados no ano. Isso significa que quem começou em um novo emprego recentemente ou passou um período afastado terá o 13º proporcional ao tempo de trabalho.
Por que a segunda parcela é menor?
Embora a lógica aparente seja que a segunda parcela seja igual à primeira, na prática, ela é menor devido aos descontos obrigatórios que incidem sobre o pagamento. Esses descontos incluem:
- Contribuição para o INSS: O percentual varia de acordo com a faixa salarial, podendo chegar a até 14% para trabalhadores com salários mais altos.
- Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF): Aplicado conforme as alíquotas definidas pela Receita Federal, que variam de 7,5% a 27,5%, dependendo do valor do salário bruto.
Os abatimentos são obrigatórios e previstos por lei, sendo calculados com base no valor total do 13º salário antes de sua divisão em duas parcelas. Isso explica por que o valor da segunda parcela sofre uma redução significativa.
Exemplo prático
Para facilitar a compreensão, vamos usar um exemplo:
Imagine um trabalhador com salário bruto de R$ 5.000,00.
- Primeira parcela: Ele receberá 50% do salário bruto, ou seja, R$ 2.500,00.
- Segunda parcela: Após os descontos, o valor será de R$ 1.619,14, resultando no total líquido de R$ 4.119,14 ao longo do ano.
Veja como os descontos afetam a segunda parcela:
- INSS: R$ 525,92
- Imposto de Renda: R$ 354,94
- Total de descontos: R$ 880,86
Essa redução reflete as contribuições obrigatórias do trabalhador e pode variar conforme a faixa salarial.
Quem tem direito ao 13º salário?
O benefício é garantido a todos os trabalhadores formais que possuem carteira assinada e que tenham trabalhado por pelo menos 15 dias durante o ano. Entre os contemplados estão:
- Trabalhadores rurais, urbanos, domésticos e avulsos;
- Aposentados e pensionistas do INSS;
- Trabalhadores afastados por auxílio-doença ou acidente de trabalho (proporcional ao tempo trabalhado).
Por outro lado, estagiários e trabalhadores demitidos por justa causa antes do pagamento da primeira parcela não têm direito ao benefício.
Planejamento financeiro: como usar o 13º salário
Saber que a segunda parcela será menor pode ajudar no planejamento financeiro. Veja algumas dicas para usar o 13º salário de forma estratégica:
1. Pague dívidas prioritárias
Uma das melhores formas de usar o 13º salário é para reduzir ou eliminar dívidas, especialmente aquelas com juros altos, como cartão de crédito e cheque especial. Essas modalidades de crédito possuem taxas que podem ultrapassar 10% ao mês, tornando-as verdadeiras armadilhas financeiras.
- Por que priorizar essas dívidas? Dívidas com juros elevados crescem rapidamente, comprometendo sua renda mensal. Pagá-las primeiro reduz sua exposição a esses custos.
- Como fazer? Liste todas as suas dívidas e organize-as por ordem de prioridade, começando pelas mais caras. Utilize o valor do 13º para quitá-las total ou parcialmente, reduzindo o saldo devedor.
- Benefício: Ao eliminar ou diminuir essas dívidas, você libera recursos no orçamento para outras necessidades e evita o efeito “bola de neve” causado pelos juros.
2. Reserve para despesas de início de ano
O início do ano é marcado por uma série de despesas sazonais que podem desequilibrar as finanças de quem não se planejou. Contar com o 13º salário para cobrir esses custos pode ser uma estratégia inteligente.
- Despesas recorrentes: Incluem IPTU, IPVA, matrícula e material escolar, além de possíveis renovações de seguros. Essas despesas são previsíveis e, portanto, podem ser planejadas com antecedência.
- Como organizar? Separe uma parte do 13º salário exclusivamente para essas despesas. Criar uma conta separada ou uma reserva específica para esses gastos ajuda a garantir que o dinheiro estará disponível quando necessário.
- Dica extra: Se possível, aproveite descontos oferecidos para pagamentos à vista desses tributos ou despesas escolares, economizando ainda mais.
3. Evite gastos impulsivos
Com a chegada das festas de fim de ano, a tentação de gastar mais do que o necessário é alta. No entanto, o 13º salário não deve ser visto como dinheiro “extra”, mas sim como uma oportunidade de equilibrar as finanças.
-
- Como evitar excessos:
- Planeje antecipadamente: Faça uma lista de presentes e estipule um orçamento para cada item. Isso ajuda a evitar compras por impulso e gastos desnecessários.
- Controle festas e comemorações: Planeje confraternizações de forma consciente, optando por celebrações mais simples e econômicas, como eventos colaborativos onde todos contribuem.
- Evite parcelamentos: Comprar a prazo pode criar uma falsa sensação de poder aquisitivo e comprometer sua renda futura.
- Benefício: Ao gastar de forma consciente, você mantém sua saúde financeira em dia e evita começar o ano endividado.
- Como evitar excessos:
O 13º salário pode ser uma ferramenta poderosa para equilibrar as contas, desde que usado com planejamento e responsabilidade. Aproveite esse benefício extra para quitar dívidas, poupar ou investir, e comece o próximo ano com mais tranquilidade financeira.