O Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome anunciou recentemente mudanças significativas nas regras de admissão do programa de transferência de renda Bolsa Família, o maior do país, beneficiando mais de 20 milhões de pessoas. As novas diretrizes visam aprimorar o processo de seleção de famílias unipessoais, ou seja, aquelas compostas por apenas um integrante.
Cadastros irregulares no Bolsa Família
Segundo a avaliação do ministério, o governo anterior, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, permitiu a entrada indiscriminada de várias famílias unipessoais no Bolsa Família às vésperas das eleições presidenciais de 2022. Na época, o programa não estabelecia distinções nos valores concedidos com base no número de moradores em cada residência. Consequentemente, tanto famílias numerosas quanto unipessoais recebiam o mesmo montante de R$ 600.
As autoridades suspeitam que algumas pessoas forneceram informações falsas ao Cadastro Único (CadÚnico), declarando indevidamente que moravam sozinhas, com o objetivo de obter o benefício integral de R$ 600 exclusivamente para si, prática considerada fraudulenta.
Tentativa inicial de resolução
Na tentativa de solucionar esse problema, o governo federal atual implementou uma regra que limita a 16% o percentual máximo de famílias unipessoais atendidas pelo Bolsa Família em cada município. Após atingir esse limite, nenhuma outra família unipessoal pode ser adicionada ao programa naquela localidade.
No entanto, essa medida gerou controvérsia, principalmente para as famílias unipessoais genuínas, que realmente necessitam do auxílio financeiro do programa social, mas ficaram impedidas de ingressar devido à restrição imposta pelo limite de 16%.
Novas flexibilizações para famílias vulneráveis
Em resposta às críticas, o Ministério do Desenvolvimento Social anunciou ajustes adicionais no sistema de seleção do Bolsa Família. Embora a regra de limitação de 16% para famílias unipessoais permaneça em vigor, três grupos específicos poderão ser admitidos mesmo após o atingimento desse patamar:
- Famílias em risco de insegurança alimentar: Aquelas cujo registro cadastral indica a possibilidade de enfrentarem dificuldades para obter alimentos em quantidade e qualidade suficientes.
- Famílias em situação de violação de direitos: Casos em que o registro cadastral aponta para a ocorrência de violações aos direitos fundamentais dos membros da família.
- Famílias com cadastro atualizado por meio de visita domiciliar: Aquelas cujo registro ou atualização cadastral foi realizado mediante entrevista presencial na residência, registrada no CadÚnico.
Segundo o ministério, essas flexibilizações visam abranger famílias unipessoais em condições de alta vulnerabilidade social e cujas informações prestadas sobre sua composição unitária sejam confiáveis. As novas regras, publicadas na Portaria 1.003 do MDS, serão aplicadas a partir da folha de pagamento de julho de 2024, abrangendo também o Auxílio Gás, benefício transferido bimestralmente.
Calendário de pagamentos de julho do Bolsa Família
Enquanto as mudanças são implementadas, os pagamentos do Bolsa Família para o mês de julho de 2024 seguem seu curso regular. O calendário de liberação dos recursos é determinado pelo final do Número de Identificação Social (NIS) de cada beneficiário, conforme detalhado abaixo:
- NIS final 1: Receberam em 18/07
- NIS final 2: Receberam em 19/07
- NIS final 3: Receberam em 22/07
- NIS final 4: Receberam em 23/07
- NIS final 5: Receberam em 24/07
- NIS final 6: Receberam em 25/07
- NIS final 7: Receberam em 26/07
- NIS final 8: Receberam em 29/07
- NIS final 9: Receberam em 30/07
- NIS final 0: Receberam em 31/07
Os pagamentos foram iniciados no dia 18 de julho e se estenderam até o último dia do mês, garantindo o acesso aos recursos para milhões de famílias beneficiárias em todo o país.
Entendendo o impacto das mudanças
As alterações anunciadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social refletem os esforços do governo para aprimorar a eficácia e a equidade do Bolsa Família, um dos principais programas sociais do Brasil. Ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade de proteger as famílias unipessoais mais vulneráveis, evitando que sejam excluídas indevidamente do sistema de assistência.
Benefícios esperados
A flexibilização das regras para determinados grupos de famílias unipessoais pode trazer os seguintes benefícios:
- Maior inclusão social: Permitir o acesso ao Bolsa Família para famílias em situações de extrema vulnerabilidade, como insegurança alimentar ou violação de direitos, contribui para a redução das desigualdades e a promoção da justiça social.
- Fortalecimento da confiabilidade dos dados: Ao priorizar famílias com cadastros atualizados por meio de visitas domiciliares, o governo busca obter informações mais precisas e confiáveis sobre a composição familiar, reduzindo o risco de fraudes.
- Foco nos mais necessitados: As novas regras direcionam os recursos do Bolsa Família para aqueles que realmente precisam, evitando a concessão indevida de benefícios a pessoas que não atendem aos critérios estabelecidos.